O PAPEL DA INCLUSÃO DIGITAL NA GESTÃO ESCOLAR
Rosana
Pinto Ferreira da Silva
É
observável o impacto que a evolução tecnológica provoca, transformações
substanciais na evolução do conhecimento científico, na cultura, na política,
na vida em sociedade e no trabalho, exigindo pessoas cada vez melhor preparadas
e atualizadas para lidar em suas atividades com o conhecimento vivo e pulsante
que emerge de experiências do cotidiano, da esfera educativa, ou do mundo do
trabalho.
Diante
disso, torna-se necessário reconhecer e interpretar a experiência como elemento
essencial para impulsionar o desenvolvimento humano e sua sobrevivência digna,
por meio da educação e do agir, no sentido de transformar a realidade,
entendida como uma rede de sistemas complexos em contínuo movimento.
A
formação continuada dos profissionais da educação (direção, pedagogos,
professores e outros) é uma condição estratégica de atualização e promoção que,
consequentemente, contribui para a melhoria da qualidade de ensino/aprendizagem
e criação de novos modelos de gestão. Essa condição pode cumprir-se com rapidez
e extensão através da tecnologia, mediante o uso dos recursos da TV, vídeos e
informática e na criação de redes virtuais de informação e produção de conhecimentos.
Dentre os recursos que tem auxiliado esse processo através da
informática/internet destacam-se o correio eletrônico (meio de comunicação para
envio e recepção de mensagens eletrônicas), listas de discussão ou fóruns
(formado por pessoas e grupos que têm como objetivo a discussão de determinado
assunto), chat (permite a conversa entre pessoas de forma interativa e em tempo
real), teleconferências (conferências que envolvem usuários fisicamente
distantes podendo envolver a transmissão e o recebimento de texto, som e
imagem). Esses recursos devem subsidiar metodologias voltadas para
aprendizagens, habilidades e competências que o professor queira desenvolver
com seus alunos. Considerando gestão democrática um assunto bastante amplo e
complexo, há de se ressaltar a importância dela no contexto escolar, que se caracteriza
pela preocupação em organizar ações buscando a melhoria do ensino na escola.
É
importante ressaltar a diferenciação entre Gestão Escolar e Gestão Democrática.
Geralmente essas expressões citadas acima são confundidas entre a comunidade
escolar (alunos, professores e gestores), sendo, portanto o esclarecimento a
melhor forma de trabalhar cada uma delas. Gestão Escolar segundo Libâneo,
Oliveira e Tochi (2005, p.323) nada mais é do que “uma organização escolar
tomada como uma realidade objetiva, neutra, técnica, que funciona racionalmente
e, por isso, pode ser planejada, organizada e controlada, a fim de alcançar
maiores índices de eficácia”.
Portanto,
gestão escolar é a definição do ato de administrar uma escola, porém, como as
decisões são tomadas, talvez seja o fio condutor para o quadro da educação de
hoje. Mais uma vez, me reporto aos autores citados que vão definir gestão
democrática como: Acentua a necessidade de combinar a ênfase sobre as relações
humanas e sobre a participação das decisões com as ações efetivas para atingir
com êxito os objetivos específicos da escola. Para isso, valoriza os elementos
internos do processo organizacional, planejamento, organização, a direção e a avaliação.
Voltando
a falar da inclusão digital sabemos que o caminho é longo, não podemos negar.
Desafios são normais e imprescindíveis para sermos motivados e para que, a cada
ultrapassagem de obstáculos, consigamos ser, de fato, a diferença em um processo inclusivo.
Dessa
forma, um plano de ação, cujo objetivo é a inclusão digital na escola é
fundamental, numa tentativa de
proporcionar tanto aos alunos quanto à comunidade o acesso aos recursos
tecnológicos.
Nesse
sentido, é preciso reconhecer que toda a comunidade escolar tem um papel
fundamental neste processo. Os professores na exploração das tecnologias
disponíveis na escola, integrando-as às suas atividades em sala de aula, e
enriquecendo as práticas pedagógicas e os gestores na busca de formas de gerenciamento
que facilitem a inserção da tecnologia no cotidiano de sua escola. É
fundamental participarem, aderirem às ações de inclusão das TICs (Tecnologias
de Informação e Comunicação) à
educação, articularem e promoverem esta ideia em toda a escola e comunidade,
efetivando uma intervenção técnico/pedagógica mais adequada às reais
necessidades da escola (professores, alunos e comunidade). Esta intervenção
deverá estar sustentada pela Proposta Pedagógica da escola, estabelecida
através do Projeto Político Pedagógico. É importante salientar a importância da
participação de toda comunidade escolar no planejamento, na execução e na
avaliação das diretrizes pedagógicas do PPP e não deverá ser encarada como ação
sustentada pelo gestor escolar ou por alguns professores apenas.
Vale
ressaltar que não podemos mais compreender o trabalho de gestão escolar apenas
como aquele que controla o orçamento, mantém a disciplina, coordena professores
e pessoal administrativo e garante o cumprimento dos dias letivos. Temos que
pensar num modelo de administração integrado às questões pedagógicas, em que
todas as ações devam focar a educação que se quer produzir na escola.
O
diretor, que continua tendo um papel essencial, fica com a missão de
identificar e mobilizar os diferentes talentos na escola e comunidade para que
as metas sejam cumpridas e, principalmente, conscientizar todos para a
importância da contribuição individual e coletiva para a qualidade do todo. De
olho nessa nova realidade, cabe a ele desenvolver algumas competências, como
aprender a buscar parcerias, pensar a longo prazo, estar em sintonia com as
mudanças, alargar seus conhecimentos, trabalhar com as diferenças, estimular os
talentos no grupo de trabalho, monitorar as ações educacionais, não perder de
vista as metas educacionais, mediar conflitos, enfim, ter uma gestão eficiente,
além de perceber a importância de a escola se abrir para a comunidade e
torná-la a sua maior parceira.
Nessa
perspectiva de inclusão digital em resgate da função social da escola, inúmeras
são as questões que o abordam, entre elas podemos encontrar e destacar o fato
de todos terem o direito a educação inclusive à população rural, segundo
podemos confirmar na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) no artigo 28: Na oferta de
educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as
adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de
cada região.
A escola
deve criar e recriar suas práticas a fim de valorizar as diferenças. É nessa
busca que irá proporcionar a abertura para as inovações, ou seja, a sociedade é
influenciada e por sua vez, influencia, assim como vai nos dizer Isabel Alarcão
(2003).
“É
preciso saber o que procurar e como procurar. Uma vez conectado, é preciso
distinguir entre o que é relevante e irrelevante para reter o importante e
jogar ao lixo o que não presta [...] para que todos tenham acesso à informática
e não venham a ser marginalizados pela sua falta, é imprescindível a criação de
condições, nas escolas e nas comunidades, que compensem a falta de
acessibilidade a fontes de informação que possam existir no seio das famílias”.
(2003, pp. 25 e 26).
Nosso
grupo acredita na inclusão digital na escola, visto que sabemos que os alunos
aprendem em situações significativas que estão fortemente ligadas ao afetivo
(gostar do que está fazendo).
Nossa
escola foi inaugurada no início desse ano, então ainda não contamos com muitos
recursos tecnológicos para oferecer dentro da escola, porém não deixamos de
incentivar os alunos ao uso consciente desse “mundo” digital que está em toda
parte, e eles adoram, nossa meta que estará no nosso Projeto Institucional é permitir a inserção de todos
na sociedade da informação, a ideia é que todas as pessoas, principalmente
as de baixa renda, possam ter acesso a informações, simplificar a sua rotina
diária, maximizar o tempo e as suas potencialidades. Um incluído digitalmente
não é aquele que apenas utiliza essa nova linguagem, que é o mundo digital,
para trocar emails, mas aquele que usufrui desse suporte para melhorar as
suas condições de vida a fim de buscar novas oportunidades de emprego, meios de
comunicação, formas de obter aprendizado entre outras. Trazer mais
benefícios para a vida pessoal e profissional como cidadão.
A
inclusão digital resulta em inclusão social, assim como a exclusão digital
aprofunda a exclusão social.
REFERÊNCIAS:
ALARCÃO,
Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. Cortez, São Paulo,
2003. BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional: nº 9394/96. Brasília: 1996.
FREIRE,
P. Conscientização teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento
de Paulo Freire. 3. ed. São Paulo: Moraes, 1980.
LIBÂNEO,
J.C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e
organização. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2005.